fbpx

Corinto vai receber como um herói, um herói de verdade: Gabriel Geraldo Santos Araújo

2 de setembro de 2019

 

Tomo a liberdade de republicar neste Mondolivro o post do Facebook do amigo Ricardo Galuppo. A cidade de Corinto vai receber como um herói, um herói de verdade: Gabriel Geraldo Santos Araújo. Orgulho! Vale ou não vale o repost? Além do mais, o óbvio: este bom Galuppo escreve bem que até dá inveja. Leiam:

 

Ainda não tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente, mas há algum tempo acompanho com admiração, por meio de informações de amigos da minha querida Corinto, a trajetória de Gabriel Geraldo Santos Araújo. Ele tem 17 anos e acaba de encerrar sua participação nos Jogos Para Pan-Americanos de Lima com o peito coberto de medalhas. Foram duas de bronze, uma de prata e duas de ouro. E um recorde mundial.
Gabriel nasceu com uma condição genética que impossibilitou o desenvolvimento dos braços e das pernas. Ainda criança, descobriu na água um ambiente amigável para sua movimentação. Tornou-se nadador. Começou a treinar na piscina do Corinto Clube Campestre e, representando a cidade, ganhou as primeiras medalhas em disputas regionais. Depois, passou a treinar e representar o Clube Bom Pastor, de Juiz de Fora, onde conquistou os índices para disputar os jogos de Lima.

 

As vitórias no Peru tiveram em Corinto o efeito da conquista de uma Copa do Mundo. A cidade festejou o feito e preparou uma festa que lotará nossa Praça da Bandeira. Será na próxima quarta-feira, dia 4 de setembro, a partir das 17h30. Gabriel desfilará com suas medalhas e seu sorriso num carro do Corpo de Bombeiros e terá uma recepção de gala. E, certamente, ensaiará os mesmos passos de samba que encantaram a plateia que o viu no pódio, em Lima. Nada mais justo e merecido.

 

Acompanhando a trajetória de Gabriel, que recebeu dos pais Eneida e Vanderley uma criação que merece aplausos, somos obrigados a pensar em nossas próprias vidas. Muitos de nós, muitas vezes, inventamos obstáculos para justificar nossos insucessos e atribuímos ao mundo — e não a nós mesmos — nossos eventuais fracassos. Ele, não. Tinha todo o direito de se esconder atrás de sua condição física, culpar o mundo e se acomodar numa posição acanhada na vida. O que ele fez, porém, foi ir à luta.

 

Dá gosto ver a alegria e a determinação que ele demonstra em suas entrevistas. Ele fala com clareza de seu sonho de conquistas ainda maiores numa carreira que está apenas começando. Quem o escuta, tem a certeza de que conseguirá. Depois das vitórias em Lima, muita gente expressou orgulho pelos feitos do menino. Confesso que não foi o meu caso. Até porque, acho que orgulho genuíno quem tem o direito de sentir nesta hora, além do próprio Gabriel, são seus pais, os professores e os treinadores. E, também aqueles que conviveram com ele de perto e criaram as condições afetivas e materiais para que ele disputasse as primeiras provas e conquistasse as medalhas que chamaram atenção do Comitê Paralímpico Brasileiro para seu talento e seu espírito vencedor.

 

O que eu sinto por Gabriel é admiração, respeito e gratidão pelo exemplo de bravura que nos faz parecer tão pequenos. Chamo, no entanto, atenção para um ponto que, certamente, fez diferença na carreira desse menino. Gabriel é de Corinto. É uma cidade pequena, no centro de Minas Gerais, e dispõe de recursos limitados em vários aspectos — mas que tem um patrimônio infinito no que se refere ao que há de melhor no ser humano.

É, na minha opinião, o lugar mais acolhedor do mundo, a capital mundial da solidariedade. Mesmo estando afastado de lá há mais tempo do que gostaria, eu mesmo já tive a oportunidade de experimentar, em situações difíceis pelas quais passei ao longo da vida, a força do carinho e da amizade de pessoas que trataram o meu problema como se fosse delas. Não haveria melhor lugar no mundo para acolher e estimular o talento de Gabriel. Certamente foi lá que ele descobriu que seu lugar não é na água das piscinas. Ou melhor, que a água das piscinas é apenas o meio que o conduzi ao lugar que é dele por direito: o alto do pódio.

 

Gostaria de estar em Corinto na quarta-feira, para a grande recepção na Praça da Bandeira. Não estarei lá, mas acompanharei tudo pela página #euamocorinto, liderada pela Cynthia Renata, e pelo Jornal das Novidades, do Jorge Luiz Teixeira. E certamente me emocionarei tanto quanto me emocionei com as imagens das vitórias em Lima.