22 de julho de 2020
Começou a ser produzida uma safra excelente de livros que fazem análise de conjuntura. Fiz uma relação para vocês. Os autores são: Patrícia Campos Mello, Rubens Casara, Marcos Nobre, Guiliano da Empoli, Eduardo Moreira, Laura Carvalho e, ainda por sair, Vladimir Safatle e Marcia Tiburi.
Para ouvir o podcast Mondolivro, veiculado na Rádio BandNews FM BH, criado e falado por Afonso Borges, só teclar nas plataformas abaixo:
E aqui, os livros, os links para compra e respectivos releases, enviados pela Editora.
Patrícia Campos Mello – “A Máquina do Ódio”
O relato de uma das maiores jornalistas da atualidade sobre as ameaças à liberdade de imprensa no Brasil e no mundo.
Dias antes do segundo turno da eleição de 2018, Patrícia Campos Mello publicou a primeira de uma série de reportagens sobre o financiamento de disparos em massa no WhatsApp e em redes de disseminação de notícias falsas, na maior parte das vezes em benefício do então candidato Jair Bolsonaro. Desde então, a repórter tornou-se alvo de uma violenta campanha de difamação e intimidação estimulada pelo chamado gabinete do ódio e por suas milícias digitais.
Em A máquina do ódio, Campos Mello discute de que forma as redes sociais vêm sendo manipuladas por líderes populistas e como as campanhas de difamação funcionam qual uma censura, agora terceirizada para exércitos de trolls patrióticos repercutidos por robôs no Twitter, Facebook, Instagram e WhatsApp ― investidas que têm nas jornalistas mulheres suas vítimas preferenciais. Os bastidores de reportagens da jornalista e os ataques de que foi vítima servem de moldura para um quadro mais amplo sobre a liberdade de imprensa no Brasil e no mundo, numa prosa ao mesmo tempo pessoal e objetiva.
Campos Mello acompanhou a utilização crescente das redes sociais nas eleições internacionais que cobriu: nos Estados Unidos, em 2008, 2012 e 2016; na Índia, em 2014 e 2019. À experiência de observadora do avanço dos tecnopopulistas e seu “manual para acabar com a mídia crítica”, somou-se a de protagonista involuntária no front de uma guerra contra a verdade. Relato envolvente de um dos capítulos mais turbulentos de nossa história recente, A máquina do ódio é também um manifesto em defesa da informação.
“Graças ao trabalho desbravador de algumas jornalistas, nós pudemos descobrir e entender como a internet contribuiu para propagar movimentos contrários à democracia. Dentre elas, destacam-se a indiana Rana Ayyub, a britânica Carole Cadwalladr e a brasileira Patrícia Campos Mello. É simples: se você quer entender os desafios atuais para a democracia no mundo, você precisa ler este livro.” ― Jason Stanley, autor de Como funciona o fascismo
“Para entender a natureza dos riscos que ameaçam a democracia brasileira hoje, é preciso seguir o rastro da conspiração digital que simula movimentos de apoio popular e fabrica ódio contra pessoas e instituições. O livro de Patrícia Campos Mello desvenda esse mundo das sombras com um texto envolvente e esclarecedor. Recomendo fortemente a leitura. E quanto antes, melhor.” ― Miriam Leitão
Bolsonaro – O Mito e o Sintoma
Rubens Casara
Autor de Estado pós-democrático: Neo-obscurantismo e gestão dos indesejáveis: Neo-Obscurantismo e gestão dos indesejáveis
A Editora Contracorrente tem a honra de publicar o livro “Bolsonaro: o mito e o sintoma”, de autoria de Rubens Casara, um dos nomes mais prestigiados da inteligência brasileira atual. Por meio de um texto claro e bem argumentado, joga luzes sobre as condições que possibilitaram a propagação da campanha bolsonarista e seu “pensamento empobrecido”. Compreender como se conduz um significativo contingente da população brasileira a adotar a lógica neoliberal, que trata ideias e sujeitos como mercadorias, e a apoiar um líder de feição explicitamente autoritária, é um passo fundamental para pensar alternativas.
Trata-se, pois, de livro obrigatório a todos os leitores interessados em compreender o fenômeno Bolsonaro e as suas possíveis consequências.
O título inaugura a coleção do Instituto para a Reforma das Relações entre Estado e Empresa – IREE na Editora Contracorrente.
Ponto-final: A guerra de Bolsonaro contra a democracia
Marcos Nobre
O livro Ponto-final, de Marcos Nobre, faz uma análise sóbria, cristalina e quente do terremoto político que tomou conta do Brasil. Nos últimos anos, Marcos Nobre se consolidou como um dos analistas políticos mais agudos do país. Seus artigos e entrevistas, publicados de forma regular em diversos veículos da imprensa, iluminam a realidade brasileira com doses generosas de clareza e complexidade. Neste livro, essas qualidades saltam à vista. A pandemia, segundo o autor, acentuou o traço decisivo do governo Bolsonaro: a política de guerra, em que o adversário político se torna um inimigo a ser exterminado. Em sua cruzada autoritária, o atual governante visa nada menos que a destruição da democracia. Como foi possível a eleição de um líder assim? Que tipo de governo ele conduziu até a chegada da Covid-19? O que a pandemia significou para a maneira de fazer política que ele instaurou? Com lucidez e sobriedade, Nobre responde a essas e outras questões. Seu texto é um chamado ao diálogo. “A raiva desmensurada que desperta o escárnio presidencial pela vida precisa encontrar a sua devida canalização institucional democrática”, lembra o autor. É preciso encontrar um modo de sair do impasse. Insistir na intolerância contra seus apoiadores é aceitar o desejo de morte que fundamenta o discurso do presidente. E isso apenas fortalece a cultura bolsonarista.
Os engenheiros do caos: Como as fake news, as teorias da conspiração e os algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e influenciar eleições
Giuliano da Empoli
Aos olhos dos seus eleitores, as *deficiências* dos líderes populistas se transformam em qualidades, sua inexperiência demonstra que não pertencem ao círculo da “velha política”, e sua incompetência é uma garantia da sua autenticidade. As tensões que causam em nível internacional são vistas como mostras de sua independência, e as fake News, marca inequívoca de sua propaganda, evidenciam sua liberdade de pensamento.
No mundo de Donald Trump, Boris Johnson, Matteo Salvini e Jair Bolsonaro, cada dia traz sua própria gafe, sua própria polêmica, seu próprio golpe brilhante. No entanto, por trás das manifestações desenfreadas do carnaval populista, está o trabalho árduo de ideólogos e, cada vez mais, de cientistas e especialistas do Big Data, sem os quais esses líderes nunca teriam chegado ao poder.
É o retrato desses engenheiros do caos que Giuliano da Empoli nos apresenta, através de uma investigação ampla e contundente que vai muito além do caso Cambridge Analytica e remonta ao início dos anos 2000, quando o movimento populista global, hoje em pleno curso, dava seus primeiros passos na Itália.
O resultado é uma galeria de personagens variados, quase todos desconhecidos do público em geral, mas que vêm mudando as regras do jogo político e a face das nossas sociedades.
Economia do desejo: A farsa da tese neoliberal
Eduardo Moreira
Por que o neoliberalismo não nos levará a uma sociedade mais justa? Depois dos bestsellers Desigualdade e O que os donos do poder não querem que você saiba, em Economia do desejo, Eduardo Moreira revela por que é insustentável economicamente a ideia de que o Estado deve se preocupar mais com a economia do que com o atendimento das necessidades básicas dos cidadãos. Para isso, ele conceitua o que é a economia do desejo: aquela que trabalha com a falta incessante, que inclusive é responsável pelo alto consumo de supérfluos por determinada parcela da sociedade, enquanto outra parcela ainda está em situação de pobreza ou na linha abaixo da pobreza. Segundo o autor, para que o Brasil se torne um país sem pobreza, é necessário haver um passo em direção à economia da necessidade. Assim, as necessidades básicas de todos serão atendidas e a economia se tornará mais forte. Texto de orelha de Frei Betto e prefácio de Luiz Gonzaga Belluzzo.
Curto-circuito: O vírus e a volta do Estado
Laura Carvalho
A pandemia da covid-19 trouxe consequências inéditas para a economia global. Ao contrário das crises de 1929 e 2008, o colapso econômico de 2020 não é uma crise originada no setor financeiro, mas consequência do contágio da economia real por uma crise de saúde pública.
Em meio a queda histórica do PIB mundial, o debate econômico foi chacoalhado como em poucas ocasiões. Temas e questionamentos ao modo como o sistema capitalista tem sido administrado, presentes no debate desde a crise financeira global de 2008-2009, ganharam concretude trágica.
No Brasil, a pandemia se abateu sobre uma economia que mal havia se recuperado da recessão de 2015-16. Pior. Enquanto os mais pobres ainda sofriam queda em seus rendimentos, o meio e o topo da pirâmide recuperavam-se lentamente.
Medidas fiscais substantivas foram adotadas. Mas a resposta à crise não exige apenas relaxar regras orçamentárias, e sim repensar o próprio papel do Estado para superar carências históricas que a pandemia tornou cristalinas.
É o que faz este livro. À luz do contexto brasileiro, apresenta cinco funções do Estado que a pandemia ajudou a revelar. São elas: estabilizador da economia, investidor em infraestrutura física e social, protetor dos mais vulneráveis, provedor de serviços à população e, por fim, empreendedor.
Com a firmeza, a clareza e a densidade que são marcas registradas de Laura Carvalho, Curto-circuito: O vírus e a volta do Estado mergulham em cada face do problema não apenas para refletir sobre a pandemia, mas também para iluminar, de forma sóbria e generosa, conceitos decisivos do pensamento econômico.
“Maneiras de Transformar Mundos: Lacan, Política e Emancipação”, de Vladimir Safatle (no prelo)
“Como derrotar o nazifascismo”, de Marcia Tiburi (ainda no prelo)
O livro analisa as transformações do fascismo à brasileira, de 2014 até 2020, discute o conceito de fascismo, esmiúça filosoficamente o tema.