23 de junho de 2024
Nesta noite de sábado, reuniram-se no palco do 12º Fliaraxá os escritores Marcelino Freire, Socorro Acioli e Eliana Alves Cruz, numa conversa leve e divertida — e, por alguns momentos, comovente — que passou pela infância, pela escola e pelo momento em que cada um teve mais fé na literatura.
A conversa teve início com os convidados relembrando onde e como estavam na idade dos alunos das escolas de Araxá que participaram do Prêmio de Redação e Desenho do Fliaraxá — um dos momentos mais emocionantes de nossa programação. O papo mergulhou fundo na memória, no período escolar, nas lembranças familiares e nas primeiras experiências de escrita dos convidados, arrancando risos e reações calorosas da plateia. Nas histórias contadas pelas crianças e jovens participantes do concurso, os autores viram, em maior ou menor medida, um pouco da criança que foram. “Quando eu era criança eu achava que era tímida. Mas, na verdade, eu não era tímida. Apenas não me davam a palavra”, comentou Eliana Alves Cruz. Pensando no papel da escola e da educação na formação e na cidadania, a autora concluiu: “A escola pode ser o lugar do afeto e não do aprendizado da exclusão”.
Na sequência, Socorro Acioli provocou os colegas de mesa a pensarem qual o momento em que sentiram mais fé na literatura. Marcelino Freire relembrou experiências de leitura com autores fundamentais como Manuel Bandeira e Augusto dos Anjos. Citando Bandeira: “Eu faço versos como quem chora/ De desalento… de desencanto…/ Fecha o meu livro, se por agora/ Não tens motivo nenhum de pranto”. Eliana Alves Cruz relembrou um acontecimento trágico, quando seus pais perderam tudo devido a uma enchente. “O que meu pai mais lamentou, foi a perda dos livros”. Pensando na relação do pai com os livros, ela complementou: “A minha fé pela literatura vem desse desejo ancestral pelos livros, pelas palavras, pelo acesso à palavra”.
Já Socorro Acioli relembrou quando seu livro foi escolhido num projeto de remissão de pena em um presídio brasileiro. A leitura de “A cabeça do santo” alcançou a adesão de 60 apenados, ela destacou. A partir disso, eles escreveram uma carta convidando-a a participar de um encontro dentro deste projeto. “Esse foi um momento que, pra mim, fez tudo valer a pena”
Ao final da mesa, Eliana Alves Cruz comentou o fato de um senso comum que liga autores negros à escrita sobre o racismo. “A gente não escreve sobre o racismo. A gente tá escrevendo sobre a vida, sobre a família, sobre o trabalho, sobre a amizade… sobre o amor”. Socorro Acioli comentou sobre seu novo romance, “Oração para desaparecer”. Marcelino Freire finalizou sua fala destacando a importância da literatura LGBTQIAPN+, convocando o público presente a conhecer essa literatura, suas autoras e autores.
A CBMM apresenta, há 12 anos, o Festival Literário Internacional de Araxá, um festival literário com atividades acessíveis, inclusivas, antirracistas, éticas, educativas e em equilíbrio com a diversidade, economia criativa, raça, gênero e pessoas com deficiência. Toda a programação é gratuita, garantindo a democratização do acesso. O Fliaraxá conta, também, com o patrocínio do Itaú, da Cemig e do Bem Brasil, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura. Participam, na qualidade de apoio cultural, a Prefeitura de Araxá, a Fundação Cultural Calmon Barreto, a TV Integração, a Embaixada Francesa no Brasil, o Institut Français e a Academia Araxaense de Letras. Todas as atividades do Festival são gratuitas, com a curadoria nacional de Afonso Borges, Tom Farias, Sérgio Abranches e curadoria local de Rafael Nolli, Luiz Humberto França e Carlos Vinícius Santos da Silva.
12.º Festival Literário Internacional de Araxá – Fliaraxá
De 19 a 23 de junho de 2024, de quarta-feira a domingo
Local: Programação presencial na Fundação Cultural Calmon Barreto (Praça Artur Bernardes, 10 – Centro), e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @fliaraxa
Entrada gratuita
Informações para a imprensa: imprensa@fliaraxa.com.br
Jozane Faleiro – 31 99204-6367/ Letícia Finamore – 31 98252-2002
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