22 de junho de 2024
O nascimento de um personagem, a voz do narrador, a construção de uma história foram alguns dos temas abordados pelos escritores Geovani Martins, Aline Bei e Márcia Tiburi no quarto dia do 12º Festival Literário Internacional de Araxá – Fliaraxá, na Fundação Calmon Barreto.
Aline revelou que prefere escrever à mão e, por isso, mantém cadernos para as primeiras elaborações. “Queria falar da importância do processo. A gente quando escreve, publicamente em eventos, fica com a parte do livro publicado”, compartilhou. Antes do livro chegar ao leitor, há muitas versões, muitos processos, anotações, angústias e alegrias. Os escritos da autora de “Pequena coreografia do adeus” começam com uma invasão, um vislumbre das coisas que ela observa. “Um livro pode ser muito discreto no seu nascimento. Por isso, é importante ficar sempre atento”.
Aline, que vem da dramaturgia, contou como constrói os personagens em seus romances, sejam eles protagonistas ou secundários. Destacou que muitos de seus textos nascem a partir deles. “O personagem é algo mais vivo que existe, aproxima da nossa existência.” Ela se preocupa com a construção dos personagens que não são os protagonistas.“Toda vez que alguém aparece em cena, tento trazer a musculatura de vida para ela.”
Geovani compartilhou o quanto encontrar a voz narradora é um desafio. “Na Flup (Festa Literária da Periferia), entendi que podia escrever”, revelou. Geovani que leva para sua literatura a voz da rua, do bairro onde nasceu e dos lugares onde morou. Geovani transita em diferentes gêneros: o primeiro livro, “Sol na cabeça”, é uma coletânea de contas. Já o segundo, “Via Ápia”, é um romance.
“Ao mesmo tempo que estava descobrindo a voz, essa dicção, estava me entendendo como corpo político e o que representava nesse jogo no mercado da arte e da literatura.”
O livro de estreia de Geovani, “Sol na cabeça”, navega em registros linguísticos, de dialetos à norma culta. Ao olhar para a literatura brasileira, entendeu a tarefa de apresentar outras representações. “Não chamo nenhum personagem de negro. só faço distinção quando um personagem era branco”, afirma. No entanto, apesar de não fazer essa racialização de seus personagens em seus livros, muitos leitores identificam os personagens como negros a partir das situações que vivenciam, como por exemplo os rolezinhos no Rio de Janeiro.
Márcia transita por diferentes gêneros, na não ficção, é autora de inúmeros ensaios. Na ficção, é autora de sete romances. Ela revelou que, ao longo do tempo, mudou a escrita. “Não consigo escrever como naquele começo”, disse. Marcia compartilhou como os sonhos são importantes em sua escrita, “Muitas de minhas histórias começam com sonhos. Sonho muito”. Márcia revelou que está preparando um novo livro, o “Livro do exílio”.
A CBMM apresenta, há 12 anos, o Festival Literário Internacional de Araxá, um festival literário com atividades acessíveis, inclusivas, antirracistas, éticas, educativas e em equilíbrio com a diversidade, economia criativa, raça, gênero e pessoas com deficiência. Toda a programação é gratuita, garantindo a democratização do acesso. O Fliaraxá conta, também, com o patrocínio do Itaú, da Cemig e do Bem Brasil, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura. Participam, na qualidade de apoio cultural, a Prefeitura de Araxá, a Fundação Cultural Calmon Barreto, a TV Integração, a Embaixada Francesa no Brasil, o Institut Français e a Academia Araxaense de Letras. Todas as atividades do Festival são gratuitas, com a curadoria nacional de Afonso Borges, Tom Farias, Sérgio Abranches e curadoria local de Rafael Nolli, Luiz Humberto França e Carlos Vinícius Santos da Silva.
12.º Festival Literário Internacional de Araxá – Fliaraxá
De 19 a 23 de junho de 2024, de quarta-feira a domingo
Local: Programação presencial na Fundação Cultural Calmon Barreto (Praça Artur Bernardes, 10 – Centro), e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @fliaraxa
Entrada gratuita
Informações para a imprensa: imprensa@fliaraxa.com.br
Jozane Faleiro – 31 99204-6367/ Letícia Finamore – 31 98252-2002
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